«Convém amar os pobres com um afecto especial, vendo neles a pessoa do próprio Cristo, e dando-lhes a importância que Ele mesmo dava» São Vicente de Paulo

quarta-feira, 24 de março de 2010

Resumo do documento 59 - Igreja e Comunicação rumo ao Novo Milênio



* Wellington Heleno da Silva - 2001


Introdução

O documento nasceu a partir das reflexões da 35ª Assembléia Geral da CNBB, realizada de 09 a 18 de abril de 1997, cujo tema central foi o da comunicação na Igreja. Nesta ocasião a própria Assembléia elaborou uma lista de conclusões, de propostas e de compromissos concretos, para orientar a ação pastoral dos Bispos e de toda a Igreja Católica no Brasil no campo da comunicação.
O documento começa chamando a atenção para que todos os comunicadores tenham Jesus, o Supremo comunicador do Pai, como modelo básico para todos os projetos de comunicação na Igreja.
A arte de comunicar é parte constitutiva da Igreja, é uma ordem de Jesus para todos os batizados para proclamarem a Boa Nova: "Ide ao mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas" (Mc 16,20).
O documento propõe rever os modelos e práticas de comunicação da Igreja como também o uso dos instrumentos ou meios de comunicação na tarefa evangelizadora, e assume os seguintes compromissos:

1 - Espiritualidade do comunicador cristão
A espiritualidade do comunicador cristão deve ser mais desenvolvida e fundamentada no exemplo de Jesus Cristo. O comunicador cristão é um ser em relação com Deus, que coloca suas habilidades e seus conhecimentos técnicos no campo do manejo dos instrumentos da informação a serviço da pastoral de conjunto.
É necessário que a Igreja dê especial assistência espiritual a comunidades de comunicadores, procurando, sempre, favorecer a união dos comunicadores, evitando que trabalhem isoladamente. E também valorizar a celebração do Dia Mundial das Comunicações.

2 - Fundamento ético para a Pastoral da Comunicação
Assembléia propõe eleger o tema da ética da comunicação como campo de preocupação permanente, promovendo estudos e debates; como também dedicar especial atenção ao tema das políticas públicas e da legislação no campo da comunicação social e incentivar as pesquisas em torno do pensamento dos documentos da Igreja sobre as teorias e pesquisas científicas na área.
3 - Protagonismo dos leigos no campo da comunicação
A Igreja deve promover uma maior inserção de leigos e leigas no campo das comunicações, levando em conta a potencialidade que geralmente têm de dialogar com os meios de comunicação.
4 - Comunicação Institucional da Igreja
Em relação à própria comunicação da Igreja a Assembléia se propõe:
- promover uma comunicação transparente e respeitosa no espaço das comunidades;
- fazer um levantamento das formas de comunicação existentes nas Dioceses e nas paróquias;
- conhecer as experiências de pastoral da comunicação de outras Conferências Episcopais;
- desenvolver projetos que permitam uma maior aproximação ao homem contemporâneo, à sociedade e à opinião pública;
- dar especial atenção à cultura brasileira e seus agentes de criação, veiculação e consumo de bens simbólicos para detectar a melhor maneira de promover a evangelização inculturada;
- cuidar da imagem pública da Igreja, uma vez que sua aceitação e reconhecimento por parte dos vários segmentos da sociedade dependem da forma como se apresenta e da credibilidade que alcança junto ao público;
- utilizar as ferramentas do marketing e das relações públicas.

5 - Modos de Comunicação nas Comunidades
A Igreja deve criar instrumentos que garantam um processo de comunicação participativo e circular; valorizar a presença na comunidade local de pessoas com formação especial no campo da comunicação.
No campo da catequese é necessário capacitar os catequistas como comunicadores, aproximar a catequese dos meios massivos de comunicação para o desenvolvimento de projetos de catequese à distância e incluir a análise das mensagens produzidas.
A Assembléia destaca que um dos espaços privilegiados de comunicação é o encontro litúrgico semanal, assim a equipe litúrgica deve ter cuidado com a linguagem. E utilizar recursos e técnicas de comunicação para dinamizar as liturgias.

6 - Formação dos Comunicadores
É necessário a definição do campo do agente da pastoral da comunicação reconhecendo a sua especificidade da pastoral da comunicação como espaço de atuação, na pastoral de conjunto. E reconhecer a importância da assessoria de profissionais da comunicação social em campos como os do planejamento.
Em nível diocesano preparar pessoas que entendam e saibam utilizar e trabalhar com as novas tecnologias da comunicação; organizar cursos de formação para a pastoral da comunicação e dar prioridade à produção de livros e outros subsídios, relacionados à comunicação.
A Igreja deve estar atenta às perspectivas que se abrem no campo da educação a distância.

7 - Planejamento da comunicação
O planejamento da comunicação da e na Igreja supõe uma pesquisa a respeito daquilo que o povo pensa da Igreja. E reavaliar os projetos, as produções e os programas das várias pastorais com o objetivo de adequar as suas linguagens.
É necessário promover uma eficaz política de investimento patrimoniais para a comunicação. Criar equipes de pastoral da comunicação nos Regionais, Dioceses e paróquias, como também buscar assessorias especializadas no planejamento da comunicação da Igreja.
A Assembléia propõe, em nível nacional, um projeto concreto de informatização das Dioceses e também a criação de um assessoria de imprensa em todas as Dioceses.

8 - Igreja e os Modernos Meios de Comunicação
Os meios de comunicação segundo o documento e o modo de utilizá-los são:
- imprensa escrita: aproveitar os espaços disponíveis na imprensa local, manter e melhorar impressos existentes nas comunidades e dioceses, utilizar os outdoors para mensagens de campanhas e criar em nível nacional um agência de notícias cristãs.
- Cinema/Vídeo: buscar a conjunção de forças e esforços entre as produtoras de vídeo, visando melhor qualidade, promover o lançamento de vídeos como subsídios para as homilias e a catequese e organizar cursos para leitura crítica de vídeos e filmes.
- Rádios comerciais, educativas e comunitárias: priorizar o rádio como instrumento de evangelização, criar assessoria especializada, buscando a profissionalização dos agentes das emissoras católicas.
- Televisão: implementar uma política de aproximação ao mundo da televisão, desenvolver um trabalho de cooperação entre as TVs Educativas e sugerir a ampliação do leque da grade de programação da Rede Vida.
- Telemática: usar a informática e os recursos mais avançados da comunicação visual e auditiva na pastoral e, inclusive, na liturgia e investir para a informatização dos dados administrativos da cúria e paróquia.

Conclusão
A leitura do Documento 59 - Igreja e comunicação rumo ao Novo Milênio foi bastante interessante para mim, pois me ajudou a compreender melhor o que a Igreja pensa sobre a área da comunicação e quais são as suas orientações e incentivos para que se desenvolva uma verdadeira pastoral da comunicação na Igreja do Brasil.
Tanto a leitura do documento como também as aulas ministradas no curso de pastoral da comunicação contribuíram na minha formação presbiteral, que em linhas gerais destacaria duas coisas: primeiro o fato de quebrar um certo preconceito em ralação à área da comunicação ou até mesmo medo, principalmente, quando se fala em "marketing religioso", que creio eu nem sempre é entendido de um modo correto, mas que bem entendido não devemos deixar de usá-lo na Igreja. E a segunda coisa é que precisamos estar sempre se atualizando na área da comunicação, pois para se comunicar hoje tanto para pequenos ou grandes grupos devemos utilizar uma linguagem que seja compreensível, tendo em vista, que falamos para uma geração em que internet, celular, satélite, etc fazem parte da sua vida diária.

* Wellington Heleno da Silva

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